Se já entendeu, né? A verdade todo mundo sabe. Mas todo mundo esquece. Neste ano, dancei ao som de Fancy e Shake It Off, mas chorei ao som de Home. Pensei em desistir e jogar tudo pro alto. Desejei até voltar para casa, e acabar com todos os meus sonhos. Que bom que não o fiz. Eu aprendi tanto! Dentre as minhas preciosidades de 2014, está a percepção que não podemos desistir até que o relógio pare. Clichê, é verdade. Mas o que seria de nós, meros mortais, sem os nossos clichês? O mundo anda perdido demais. Hoje em dia todo mundo cuida da vida de todo mundo. Queremos tudo ao mesmo tempo, e nesse vai e vem da sociedade, esquecemos de agradecer pelas pequenas coisas.
É totalmente abominável pensar que você não pode ter o que quer. Mas é totalmente desprezível pensar que, para conseguir ser feliz, você precisa passar em cima dos sonhos de outras pessoas. Em 2014, eu passei sete meses pensando que estava no caminho errado, até perceber que a culpada por 90% das coisas que aconteceram comigo era uma só. Eu mesma. É aquela velha história do aqui e agora: queremos ser grandes e ricos, mas isso tem que acontecer na velocidade da luz. Então, depois de perceber que as coisas não podem ser sempre do jeito que quero, tudo melhorou. Os sonhos sempre estão há pequenos passos, e tudo piora antes de melhorar. Agora estou na calmaria, mas, acredite, eu passei por uma tremenda tempestade.
Não é atoa que, na infância, tudo parece ser fácil demais. Mas grande parte da culpa das coisas estarem como estão também é nossa. Quando um bebê nasce, a família toda se imobiliza. Há comemoração para tudo: o primeiro xixi, o primeiro cocô, os primeiros passos, as primeiras palavras. Mas, com o tempo, tudo se torna trivial demais. Xixi e cocô são nojentos, andar passa a ser normal, cair é um mico, falar errado é feio. É muita banalidade. São cinco dias trabalhados, no maior sufoco, e, nos dias de folga, quem disse que aproveitamos a vida? Que nada. Comer e dormir é mais gostoso. Estamos sempre em cima do muro, nunca dando valor para o que realmente importa. Se acomodar é melhor do que tentar. E no Ano Novo esse ciclo se repete. Todo ano é a mesma coisa. Você faz promessas, diz que tudo será diferente, diz que vai mudar. Espera ansiosamente pelo badalar dos sinos, acreditando que alguma mágica aconteça. Mas ela nunca acontece. 00:01 e você continua do mesmo jeito. Que decepção, né?
A mudança acontece de dentro pra fora. Não adianta esperar por um príncipe encantado ou por algum milagre. Se você não fizer algo, continuará sempre do mesmo jeito. Por isso, em vez de reclamar, pegue todas as coisas ruins que aconteceram durante o ano e transforme em algo de valor. Aprenda com os erros. Dê valor para o seu tempo. Sabe porque? Temos mania de achar que as mudanças acontecem de repente, mas essa é a maior estupidez da humanidade. As pequenas mudanças acontecem no cotidiano, no dia a dia. Há prenúncios, avisos de que alguma coisa não anda bem. Mas nós ignoramos. Ignoramos porque a comodidade já tomou conta dos nossos corações. Então, quando aquela briga ou aquela separação acontece, ficamos sem chão. Mas nada é assim tão imprevisível. Tudo acontece por alguma razão.
Agora é a hora de recomeçar. De você transformar essa data em algo diferente. De aceitar os fins e acolher os começos. Feche todas aquelas portas e feridas que só servem para te deixar para baixo. E abra espaço para o que está por vir. O tempo está passando, sabe? E ele anda passando rápido demais. Enquanto você está lendo, milhares de pessoas nasceram e morreram. E não pense que isso é apenas mais um discurso clichê motivacional de fim de ano. Se nós fôssemos espertos, mudaríamos com os números, os dias, meses e anos. Se tivéssemos aprendido alguma coisa, não estaríamos reclamando de todas as coisas que deram errado em 2014. Se as coisas fossem diferentes, estaríamos agradecendo, celebrando a vida, renascendo.
Então, o que desejar para 2015? Sei lá, mas acho que hoje eu vou querer algo diferente. Nada de grandes alardes. Quando faltarem apenas cinco minutos, não vou desejar riquezas e conquistas impossíveis. Vou dar valor para o meu aqui e agora. Para cada segundo do meu aqui e agora. Olhar para a minha família, que sempre esteve ao meu lado. E me lembrar das pequenas coisas. De todas as pequenas coisas que conquistei em 2014. E agradecer. Agradecer por estar viva, por ter uma casa e um emprego. E, diferentemente dos outros anos, não vou cair na besteira de pensar que tudo foi horrível. Poderia ter sido melhor, é claro. Mas chuva não cai pra cima. Em 2015, vou continuar fazendo por merecer. Rever novamente os meus atos, os meus conceitos.
E quer saber? Quando as coisas começarem a dar errado, vou apenas respirar e continuar indo em frente. Porque se tem uma coisa que aprendi com 2014, é que mesmo quando você não está mais acreditando, é preciso insistir mais um pouco. Porque nada é assim tão impossível.
Um feliz, muito feliz 2015!