Eu posso sentir
o gosto da derrota e da desonestidade
em seu hálito
antes tão doce
agora tão embriagado

Você finge ser um cavalheiro
quer mostrar a todo tempo que se importa
mas tudo o que você faz quando está sozinho comigo
é colocar meus sentimentos em segundo plano
parece que é mais fácil pisar em mim do que encarar nossos problemas

E se isso for um teste?
E se não conseguirmos passar por isso
só porque estamos tão cansados e preocupados
ao mesmo tempo em que estamos conscientes
de que isso é tudo que podemos oferecer um para o outro?

Minhas mãos estão atadas
eu cansei de me rastejar pelas suas migalhas
cansei de me esgueirar dos seus medos
e de me empoleirar em seus muros
eu rezei para você me ouvir e mudar
mas nem isso deu certo

Eu juro que tentei
tentei fazer de você o meu lar
mas portas e janelas nos levaram à armadilhas
as escadas nos levaram para o nada
os quartos se tornaram frios e solitários
para onde eu posso ir agora que estou sozinha?

O passado e o futuro se encontram
as dores são bem mais fortes do que os nossos momentos bons
você deveria saber
que não há nada que doa mais
do que ver o seu sorriso quando você finge que estamos bem
isso não te preocupa?

Eu tentei mudar
tentei ser melhor
fui suave, carinhosa, exemplar
me calei por medo de ser rabugenta
mas nem isso adiantou
o que mais posso fazer?
acho que não é mais uma questão de voltarmos ao nós
e sim uma questão de eu recuperar o meu eu
me diga, o que é pior
eu ser sincera ou ser negligente?

QUEM ESCREVEU?

Iule Karalkovas
30 anos. Tem um gato chamado Alycia. Sonhadora, poeta, crítica. Ama escrever. Começou o VIDA E ÓCIO em 2012 e até hoje mantém postagens não tão regulares.

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