Ouvir o que você fala é como assistir ao meu filme favorito. Eu já sei todas as falas. E mesmo sabendo o que vai acontecer no final, eu sempre me pergunto se não posso mudar alguma coisa. Como fazer a minha mão parar de tremer toda vez que você chega perto? Como fazer o meu corpo responder ao seu toque? Como fazer você entender que estou gostando de você?
São tantas perguntas sem resposta. E, vamos lá, a verdade é que você nunca está aqui para respondê-las. Essa é a pior parte. Eu me sinto numa montanha russa, sem cinto, sem segurança, sem uma mão para apertar. Não sei como agir. Não sei como fugir. E você está sempre ocupado. Sempre me dispensando, me deixando confusa. E o pior de tudo é que eu ainda continuo aqui. O que você fez comigo?
Há dias em que você me acorda com mensagens fofas de bom dia. São nesses dias - tão cheios de promessas - que a minha esperança se eleva em uma porcentagem jamais vista. Mas ela não dura por muito tempo. Você consegue me tirar do paraíso em questão de segundos, me transportando para um mar de incertezas e mentiras. Há dias em que ficamos no silêncio. Sem nada para dizer. Meus dedos coçam, porque quero te procurar - quero desabafar sobre o meu dia, quero perguntar sobre o seu trabalho, quero propor um drink no final do expediente. Mas não posso. Não posso porque as regras já foram impostas.
Acho que você está em outra sintonia.
Hoje é um daqueles dias em que meu pobre coração fica apertado. Nós não conversamos. Eu não vou te ver. Aliás, depois da última vez, eu sinceramente não sei se vou te ver de novo. Algo aconteceu. Algo muito estranho - e errado - aconteceu. E não podemos voltar atrás. Não agora. É. Não agora.
Eu devo ser uma boba mesmo. Uma boba por acreditar, por esperar, por querer fazer o certo. Uma boba, que está dispensando os melhores caras só porque não consegue esquecer o que aconteceu há alguns dias atrás. Por que insistir?
O que mais eu posso fazer?
Sempre fui boa com as palavras, mas agora parece que elas estão fugindo de mim. Escapando por meus lábios. Escapando por meus dedos. Nunca fui boa nessa história de romance - depois de quebrar a cara algumas vezes, comecei a ditar as regras. E tudo estava funcionando. Até você aparecer. Agora, estou num mar desconhecido. Nadando na vulnerabilidade. Sem saber o que fazer. Sem saber para onde ir. E o mais triste é que, pelo menos agora, me parece que a pessoa que eu mais quero, mais anseio, não pode ser minha.
QUEM ESCREVEU?

Iule Karalkovas
30 anos. Tem um gato chamado Alycia. Sonhadora, poeta, crítica. Ama escrever. Começou o VIDA E ÓCIO em 2012 e até hoje mantém postagens não tão regulares.
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IULE KARALKOVAS

31 anos. Mulher da música, amante da poesia. Mãe de um gatinho. Sou tudo e sou nada (tudo depende do dia em que você me conhecer).
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