Semana passada, tentei lembrar o nome daquele livro que todo mundo tá comentando. Não consegui. Te liguei, e em cinco minutos você me passou um e-mail com todas as informações que eu precisava. Muito fácil, prático. Depois de uns dias, te agradeci com um beijo rápido, porque essa é a nossa regra. Estávamos no restaurante, rindo, mas alguma coisa estava errada. As pessoas começaram a reparar. Merda. 

Na real, não sei porque as pessoas se preocupam tanto. A gente tá junto, mas vive separado. Não estamos sempre grudadas. Não é verdade? Às vezes, não entendo como o mundo pode ser tão cruel. Nós não somos um pacote! Pode me chamar pelo nome, porque odeio quando alguém se refere a mim como "aquela garota que beija garotas"

É uma história complicada, cheia de defeitos. Mas, no final, tudo isso faz parte, apenas, de um fenômeno que ainda não foi explicado pelo meu querido divã: Eu gosto da Mariana. E ela gosta de mim também. Logo, sou uma pessoa normal, como todas as outras. Eu também enfrento problemas. Regularmente. 

Mesmo assim, creio que a gente esteja conseguindo se esquivar de todo esse julgamento. Né não? Brigamos muito - isso sim faz parte do pacote -, mas, na maioria das vezes, a gente acaba descobrindo como se divertir. Sabe como é. Estamos na flor da idade. 

A verdade é que sei que nós chegamos naquele ponto crucial, em que ou eu digo as três palavrinhas mágicas, ou você acaba fazendo suas malas e indo embora. Não seria a primeira vez, tu sabe. Mas talvez, desta vez, eu esteja com medo. Medo de verdade. Medo de te perder pra sempre. Tenho que admitir, sou louca pela Mariana. A doce e invariavelmente louca Mariana. E acho que você já sabe disso. Tá na cara. 

Ontem mesmo eu estava tentando te explicar o sentido de ir pela Av. Jabaquara, em vez de inevitavelmente me perder - você sabe como eu sou - no trânsito da Av. Cursino. Sei lá porque te mandei uma mensagem. Você não entendeu o sentido daquilo tudo, mas tudo bem. Eu só queria... te avisar. Devia ser a minha carência dando as caras, já que ultimamente ando gostando de avisar para onde vou. Tô perdida.

Tô apaixonada. 

QUEM ESCREVEU?

Iule Karalkovas
30 anos. Tem um gato chamado Alycia. Sonhadora, poeta, crítica. Ama escrever. Começou o VIDA E ÓCIO em 2012 e até hoje mantém postagens não tão regulares.

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