Eu sinto
Eu vejo
Mas eu não gostaria de estar vendo 
Eu não gostaria de ver tudo isso   
Eu não gostaria de sentir 
Eu não quero ver!
O que eu vejo quando me olho no espelho? 
Pedaços e mais pedaços de mim 
Remendas e estilhaços  
Dor
Dor? 
Por que eu não quero ver? 
Por que eu não quero sentir? 
Do que eu tenho medo? 
Tenho medo de finalmente me ver? 
Todas as partes… 
As boas e as ruins 
Fragmentos 
Tudo aquilo que me destrói e reconstrói 
Dia após dia 
Tudo aquilo que me machuca 
E que machuca os outros também 
Eu nunca quis encarar a verdade 
Nunca quis olhar para dentro 
Eu tinha medo do que iria encontrar 
Mas como posso me tornar a mulher [o homem] que quero ser 
Se nunca conheci a alma 
Se nunca superei 
Se nunca encarei 
Se nunca curei 
Se nunca me permiti? 

[ P E R M I T A - S E ]

Eu me permito olhar   
Pra cada pedaço de mim    
Cada cicatriz, cada pinta, cada marca 
Todas as coisas boas e ruins 
Não me preocupo 
Porque se preocupar é preocupar-se ainda mais 
Apenas aceito  
Que eu sou quem eu sou 
Mas que nunca serei o que eles esperam que eu seja 
Que posso mudar, e que está tudo bem

Me permito olhar para o espelho 
E aceitar
E finalmente, abraçar o medo 
E ser eu mesmo
Pela primeira vez 

QUEM ESCREVEU?

Iule Karalkovas
30 anos. Tem um gato chamado Alycia. Sonhadora, poeta, crítica. Ama escrever. Começou o VIDA E ÓCIO em 2012 e até hoje mantém postagens não tão regulares.

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