eu respiro a solidão
fechando os olhos e procurando
algo pra me segurar
desesperadamente
vasculhando
alguma coisa pra me fazer esquecer
espalhando tudo o que tenho pelo chão
são só memórias
bens materiais
e o que eu tenho?
o que eu tenho?
eu não sou ninguém
pra ninguém
sou só átomos e uma carcaça vazia
que já viu demais
viveu demais
deu problemas demais
quebrada e inútil como um relógio sem ponteiros
não, não, não
não mais
então me torturo
olhando as fotografias
sorrisos sinceros que não voltam mais
amiúde
tudo isso é de conhecimento popular
então deixe-me sujar
eu não quero só um cigarro
disparando balas de canhão
sendo inútil mais uma vez
indo a nocaute
acho que pra sempre vou ficar pregada
aos meus desejos mais obscuros
isso explica porque sou merecedora da dor
porque estou acorrentada no meu próprio calcanhar
no mais
preciso ir embora
pra nunca mais voltar
me prenda se for capaz
mas que seja numa camisa de força
só assim pra eu ficar
nesse mundo sombrio e cheio de dor
porque no mais
preciso ir embora

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QUEM ESCREVEU?

Iule Karalkovas
30 anos. Tem um gato chamado Alycia. Sonhadora, poeta, crítica. Ama escrever. Começou o VIDA E ÓCIO em 2012 e até hoje mantém postagens não tão regulares.

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