Não brinque comigo
não toque em meu rosto
fuja da minha mente
minha mente suja e louca
louca, louca, louca

Deixei meu juízo em casa
e vesti minha melhor roupa
só pra te encontrar, assim, casualmente
"foda-se, foda-se, foda-se"
enquanto brandia meu canivete enferrujado

Eu posso ir embora
e morrer de fome na sarjeta da sua rua
Eu posso ir embora
e me embriagar com seu xanax

O que você prefere?

É por sua conta e risco
amanhã eu nem me lembrarei do que disse
você sabe, você sabe
não posso fazer nada além de
nadar, nadar, nadar
contra a maré

Eu bebi demais?
Perdi o controle?
Falei bobagens?
O que foi que eu fiz?

Seu corpo estendido em minha sala
sua cabeça pendente, inerte, doente
vermelho, vermelho, vermelho
olhos abertos como um peixe
mãos brancas e vazias
sua pele, tão fria

E mesmo assim
você me olha
como se pudesse me julgar

Agonizando em um mar de mentiras
naufragando, naufragando
tubarões vermelhos que comem suas vísceras
eles estão perdidos, estão famintos
será que agora eu posso me esconder?

QUEM ESCREVEU?

Iule Karalkovas
30 anos. Tem um gato chamado Alycia. Sonhadora, poeta, crítica. Ama escrever. Começou o VIDA E ÓCIO em 2012 e até hoje mantém postagens não tão regulares.

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