10:30. Falta pouco. Olho para o relógio mais uma vez, como se esse movimento pudesse fazer as horas passarem mais rápido. Respiro fundo. Uma, duas, três vezes. Balanço os pés. Volto a pensar em nós. Sorrio, afinal, sei que você iria odiar essa minha ansiedade, a minha necessidade de fazer alguma coisa, o tempo todo.

Chega uma mensagem sua. Não sei se sorrio ou se choro. ''Está acabando. Sim, a semana está acabando''. Afasto esse pensamento cruel da cabeça. 11:30. Você está no ônibus. É agora!

As pessoas estão olhando para mim. Passaram a manhã olhando. Será esse sorriso bobo que não sai do meu rosto? Ou essa vontade incontrolável de gritar a minha felicidade? Não sei. Sorrio de volta. Sorrio para o mundo. Sorrio para as pessoas que passam pela rua.

Chuva. Olho para a direita, mordo os lábios, procuro por você. Pego o telefone. Olho para esquerda. Estou tremendo, meu coração está disparado. Como você consegue fazer isso comigo? Como? E lá está. De vermelho, minha cor favorita. Minha vontade é de correr, correr para os seus braços, para os seus lábios. Mas me contenho. Sempre me contendo. Sempre.

A tarde não passou rápido, mas deveria ter passado mais devagar. Cada minuto ao seu lado é como dançar com as estrelas. Eu já disse isso? É. Acho impossível que duas pessoas que se conhecem há pouco tempo e nunca se viram se encaixem tão bem. Mas agora isso é racional, real, e, apesar de não explicar nada sobre esse nosso abraço, eu entendo. Agora entendo.

Sua mão na minha. Nós nos encaixamos tão bem! Seu sorriso deixa a minha cabeça zonza, e sua voz, com seus lábios no meu pescoço, me deixam com vontade de ter você só para mim. Todo tempo. Todo, todo tempo. 

''This feels like falling in love''. Alguma vez você já desejou que um momento durasse para sempre? Seis palavras que não saem da cabeça, seu corpo bem perto do meu, nossas mãos entrelaçadas. Sinto tudo ao mesmo tempo: amor, saudade, raiva, dor, tristeza, felicidade. Contigo não há meio termo. Há só uma vontade incontrolável de implorar para que você fique. Quem sabe? Não seriam só quartas, mas segundas, terças, quintas, sextas. Semanas, meses, anos. Mas não. Você entrou naquele trem e deixou saudade. Saudade. Só saudade.

(...) 

Três dias depois. Estou na cama com o celular ainda em minhas mãos. Abro os olhos preguiçosamente, pisco algumas vezes. 9:36. Você está nas alturas! Você está lá, eu estou aqui. A cabeça tenta despertar, mas a dor que lateja em meu peito é mais forte. As lágrimas caem, e penso se é nesse momento em que descubro que gosto muito de você. Deveríamos ter aproveitado mais? Acho que eu deveria ter amado mais, me expressado mais. Maldita vergonha. Maldito medo. Maldito!

Queria mais tempo. Mais tempo para te beijar, abraçar, ficar perto. Sem despedidas, sem lagrimas, só eu e você. Mas não. O tempo é cruel e nós sabemos. Sempre foi, e vai continuar sendo - ainda temos sete meses. Sete longos e intermináveis meses. Mas eu espero. Espero, porque, neste momento, é a única coisa que posso prometer.

E esse meu amor? Ele ainda é um recém nascido, mas é o que tenho para oferecer. Ele surgiu de repente, mas foi maior do que qualquer coisa. E tem também essa minha vontade de você, estar perto, dizer bobagens, besteiras. Sei que ainda não posso te oferecer uma vida, mas posso oferecer metade da minha. Vamos caminhar ao entardecer, de mãos dadas, esperar o momento certo. Um dia, mais tarde, talvez, estaremos nesse mesmo lugar, rindo daquele dia em que eu disse que queria você para sempre.

Então fique. Acho que temos muito pela frente. Se você cansar de esperar, desmaiar, posso somar o meu corpo ao teu e viver por você. Posso viver por nós duas. Deixe-me ser o seu pesar, sua dor, o teu medo. Deixe-me respirar o mesmo ar, te levar para as estrelas. 

E agora, mesmo longe, entendi que consigo gostar de você apenas com as minhas memórias, e elas nem me fazem sentir o que eu sinto quando estou com você. Nem chegam perto. Mas tu volta. Sei que tu volta para mim. 

QUEM ESCREVEU?

Iule Karalkovas
30 anos. Tem um gato chamado Alycia. Sonhadora, poeta, crítica. Ama escrever. Começou o VIDA E ÓCIO em 2012 e até hoje mantém postagens não tão regulares.

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