— Olhe para mim. 

Os olhos dele estavam brilhantes. Um meio sorriso tentava esconder sua preocupação.  

Desviei o olhar. 

 — Você está arrependido? 

Fechei os olhos. Respirei o doce aroma do corpo dele. Arfei

— Fale alguma coisa!

— Apenas me beije. Está bem? 

(...) 

— Eu gostava de fumar depois de... 

— Estou feliz por você não poder fumar. É mais agradável assim. 

Ele revirou os olhos. 

— Você resolveu falar comigo. 

— Acho que sim. 

Silêncio ensurdecedor.

— Devemos conversar sobre isso?

— Não há mais nada para ser dito. Você sabe disso.

— Essa é a última vez?

Take off my clothes, take me away... 

Ele começou a cantar enquanto vinha por cima de mim. 

(...)

— Acho que não tenho mais o mesmo fôlego de antes.

— Eu também acho.

— O que acontece agora?

Respirei fundo. Eu sabia exatamente o que dizer. Sabia como ferir os sentimentos dele, de uma maneira que o fizesse ir, sem olhar para traz.

— De verdade? Agora é aquela hora em que você veste suas roupas, com lágrimas nos olhos. E então vou dizer que tudo isso foi um grande erro, e que nada disso deveria ter acontecido. Você vai ir embora, e eu vou murmurar que nunca mais quero te ver e...

— Você não faria isso. Mas eu posso vestir minhas roupas, se você quiser.

— Que horas são?

— Temos mais alguns minutos. 

Voltamos a nos beijar. 

(...)

Dois corpos. Dois corações. Milhões de arrependimentos. Escuridão.

Dor.

Nada pode trazer de volta o que eles tiveram. Nada pode apagar o que aconteceu. Eles erraram. Mas isso não muda o fato de que eles precisam  ir embora.

(...)

— Isso não vai mais acontecer.

— Eu sei.

— Acho que precisávamos disso.

— Eu estava tentando dizer isso, mas...

— Fique quieta, está bem? Você teve o que queria e, de certa forma, eu também. Então vamos apenas contemplar o silêncio da merda que fizemos. Porque é isso o que acabamos de fazer.

— Adoro a culpa.

— Eu também. Eu também.

Eles sorriram cúmplices. 

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QUEM ESCREVEU?

Iule Karalkovas
30 anos. Tem um gato chamado Alycia. Sonhadora, poeta, crítica. Ama escrever. Começou o VIDA E ÓCIO em 2012 e até hoje mantém postagens não tão regulares.

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