"Acho que você precisa ir atrás dela.", murmurou o rapaz.

"Mas o que eu vou dizer? Da ultima vez que a vi, ela deixou bem claro que nunca mais queria me ver."

Os dois ficaram em silêncio por algum tempo. A moça, que agora tinha as mãos no bolso, respirou profundamente antes de fechar os olhos, já entrando no mundo de suas memórias outra vez.

(...)

"Você é a pessoa mais complicada que eu já vi. Você sabe disso?", sussurrou a ruiva.

"Provavelmente alguém já deve ter dito isso."

As duas riram juntas enquanto entrelaçavam as mãos. Caminhando pacientemente pelo grande corredor, aquele fora um dos momentos mais descontraídos que elas já tiveram.

"Sal."

"Açúcar."

(...)

"Isso significa que eu preciso voltar, não é?"

"Você quer dizer voltar das cinzas, certo?", o rapaz retrucou com um sorriso maroto.

Houve um silêncio mais longo desta vez. A moça mantinha seus olhos fixos no chão, pensativa. O rapaz, já cansado daquela conversa, acendeu um cigarro enquanto revirava os olhos em sinal de desaprovação.

"Você pode ao menos dizer o que eu devo falar para ela?", pediu a moça.

"Diga que a ama."

“Dizer que eu a amo?”

"Sim. Isso nem é tão difícil assim. E você já disse isso para outras pessoas..."

A morena pensou por algum tempo. Estalou os dedos. Uma, duas. Três vezes. Abriu e fechou os olhos. 

"Vá atrás dela!", murmurou o rapaz.

"Amor. Que palavra forte!", disse a morena. "Será que eu posso consertar tudo com uma simples frase?''

"Não. E você já deveria saber disso, não é?'', disse o rapaz. ''Depois de tantas idas e vindas, você já deveria saber de cor e salteado que nada pode apagar as besteiras que você já fez! Mas a questão... A questão não é essa. A questão é que você a ama, e finalmente percebeu isso. Embora possa ser tarde demais, ela deve saber."

Inquieta, a moça soltou uma gargalhada, surpreendendo-se com a inteligência do rapaz.

"Eu preciso ir. Você deve voltar para o seu lado salgado...”.

E, assim, o rapaz desapareceu, deixando a morena sozinha. Inconsolável, ela apenas revirou os olhos, enquanto voltava a pensar nos lábios de sua amada.

"É. Eu a amo.", voltou a pensar.

QUEM ESCREVEU?

Iule Karalkovas
30 anos. Tem um gato chamado Alycia. Sonhadora, poeta, crítica. Ama escrever. Começou o VIDA E ÓCIO em 2012 e até hoje mantém postagens não tão regulares.

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